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Múmias |
Bem aventurados sejam aqueles que amam essa desordem
Nós viemos a reboque , este mundo é um grande choque
Mas não somos desse imundo
De cidades em torrente
De pessoas em corrente
Errar não é humano
Depende de quem erra
Esperamos pela vida
Vivendo só de guerra
Viemos preparados pra almoçar soldados
Chegamos atrasados, sumiram com a cidade antes de nós.
Mesmo assim, basta esquecê-la em outro dia
Transformando em lataria, tudo que estiver ao nosso alcance
Errar não é humano
Depende de quem erra
Esperamos pela vida
Vivendo só de guerra
Viemos espalhar discórdia
Conquistar muitas vitórias,
Conquistar muitas derrotas
Bem aventurados sejam todos que caírem em moratória
Bem aventurados sejam os senhores do progresso
Esses senhores do regresso.
Noite na cidade do Rio
Saio pelas ruas
Procuro aventura
Neste quarto de hotel
Num imenso bordel
De mulheres nuas
Sinto calafrios
Sensualismo
"Aprés et Avant-Garde"
Farois que não guardam
O escuro das ruas
Um rosto vadio
Me dá o vazio
De já tê-lo visto
Meu desejo é a sua vontade
Grito, mas devo calar
Revolta
Ah que bom seria
Só você e eu
Mas há muito dormias
E eu, num quarto de hotel
Juro a mim ser só seu
Enquanto a noite me esconde
Dos seus farois de milha.
Acordo tarde
Nada que eu possa ver
Nem que eu possa fazer
Depressão de meio dia
Esperando o dia amanhecer
Divagando em um dia cinza
Meus amigos me chamam pra sair
Eu não saio com eles, nem sinto vontade,
Embora eu queira me divertir
Mas não vejo nada que possa fazer
Só esperar segunda acontecer
Saio e vago nas ruas porque só isso me resta
E a cidade morre mais um pouco
Saio e vago nas ruas porque só isso me resta
E eu, trancado em mim, fico mais louco
E eu me pego almoçando às seis e meia
Somente os instintos sobrevivem num domingo
O dia vai terminar...
Eu só escrevo besteiras...
Sonho acabar, sonho acabar domingo
Sem começar segunda-feira !
Estou tateando no escuro
Não consigo te ver
Então fecho os olhos
E sua imagem vejo
Não posso toca-la
Não posso senti-la
Penso em tudo aquilo que você me sussurrou
Em todos esses longos telefonemas de fim de noite
Oh não, Oh não, isso não se faz
Parecia tudo tão normal
Mas agora é só um sonho
Me tirando do real
Tento me iludir mas eu tenho é que fugir
Ah, como eu gostaria de sumir, sumir, sumir
Afinal, o que você quer de mim ?
Afinal, esta tudo acabado
Não quero ter este romance indeterminado
Prefiro agora, ficar calado
Agora é mais que tarde
Tarde!
Quando os astronautas foram a Lua
Que coincidência, eu também estava lá
Fugindo de casa, do barulho da rua
Pra recompor meu mundo bem devagar
Que lugar mais silencioso
Eu poderia no universo encontrar
Que não fossem os desertos da lua
Pra recompor meu mundo bem devagar
Não quero mais ouvir
A minha mãe reclamar
Quando eu entrar no banheiro
Ligar o chuveiro, mas não me molhar
Quando os astronautas foram a lua
Eu fugi com eles, me joguei por aí
Fugindo de casa, do barulho da rua
Me esquecendo de tudo pra me divertir.
Se uma cadela passasse por aqui
E me desse uma lambida....na perna!
Eu soltava "uma" tapa na cabeça dela
Eu não quero carinho de ninguém!
Você pode ser um universitário heróico
Mas aqui, você é somente um reco
Todos têm o mesmo corte de cabelo
E o mesmo zelo com que cuidam
Deste mesmo uniforme
Seus grandes coturnos
São única e exclusivamente pra marchar
No seu uniforme você tem que sangrar
Até morrer
Reco, soldado raso
Você tem que ajoelhar na lama
Se intoxicar com gás
Faça tudo isso por amor à Pátria
Deixe de lado seus sentimentos
E vamos a mais um acampamento
Passar dias e noites sem comida
Verde e amarela, verde e amarela é a sua vida
Vocês todos cumprem
Pena de um ano
Por serem brasileiros
Maiores de dezoito
E trabalharão como forçados
Por não terem se livrado das forças armadas.
Toda vez que te olho,
Crio um romance.
Te persigo, mudo todos instantes.
Falo pouco pois não sou de dar indiretas.
Me arrependo do que digo em frases incertas
Se eu tento ser direto, o medo me ataca
sem poder nada fazer.
Sei que tento me vencer e acabar com a mudez
Quando eu chego perto, tudo esqueço e não tenho vez
Me consolo, foi errado o momento, talvez,
Mas na verdade, nada esconde essa minha timidez
Eu carrego comigo a grande agonia
De pensar em você, toda hora do dia
Eu carrego comigo, a grande agonia
Na verdade nada esconde essa minha timidez
Talvez escreva um poema
No qual grite o seu nome
Nem sei se vale a pena
Talvez só telefone
Eu me ensaio, mas nada sai:
O seu rosto me distrai.
E, como um raio, eu encubro , eu disfarço , eu camuflo, eu desfaço,
Eu respiro bem fundo, hoje eu digo pro mundo,
Mudei rosto e imagem, mas você me sorriu,
Lá se foi minha coragem, você me inibiu...
Sabe esses dias em que horas dizem nada
E você nem troca o pijama, preferia estar na cama
O dia, a monotonia tomou conta de mim
É o tédio, cortando os meus programas, esperando o meu fim
Sentado no meu quarto
O tempo voa
Lá fora a vida passa
E eu aqui a toa
Eu já tentei de tudo
Mas não tenho remédio
Pra livrar-me deste tédio
Vejo um programa que não me satisfaz
Leio o jornal que é de ontem , pois pra mim , tanto faz
Já tive esse problema, sei que o tédio é sempre assim
Se tudo piorar, não sei do que sou capaz
Tédio, não tenho um programa
Tédio, esse é o meu drama
O que corrói é o tédio
Um dia, eu fico sério
Me atiro deste prédio.
Você me quer mas não pra sempre
Quem sabe volta e meia a gente tenta outra vez
Não sei o que assumir
Pois termos não definem
O que eu tento te dizer
Peço conselhos
Mas ao te encontrar
Fica difícil entender
Como você me domina
Fingido não saber porquê
Brincadeiras numa noite
Pra depois voltar ao sério
E sorrindo esquecer este falso adultério
Agora é difícil lembrar deste caso sem fim
Caí em seu triste charme como num roubo sem alarme
Mas a ironia na memória tenta loucamente descrever
Minha mente sendo seduzida e você sendo traída
Numa máquina de escrever
É normal que num fim de semana
Ao viajar muita gente morra
Preso nas ferragens de um fusca
Sem que ninguém socorra
Quero dizer somente
Que só se afoga quem nada
É mais conveniente
Ficar na beira da praia
Esquece o carro, fica em casa,
lê um livro, vê televisão
A segurança de uma poltrona é bem melhor que
uma contramão
Mas é normal, também num fim de semana,
Que ao ficar em casa muita gente morra
Baleada durante um assalto
Sem que ninguém socorra
Quero dizer somente
Que se ficar, o bicho come
É mais conveniente
Correr que o bicho passa fome
Esquece a casa, pegue um carro,
sai do Rio, vai pra Cubatão
A liberdade de um automóvel é bem melhor que
uma precaução.