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Óculos |
Se as meninas do Leblon
não olham mais pra mim
(Eu uso óculos)
E volta e meia eu entro
com meu carro pela contramão
(Eu tô sem óculos)
Se tô alegre eu ponho os óculos
e vejo tudo bem
Mas se estou triste eu tiro os óculos
eu não vejo ninguém
Por que você não olha pra mim?
Me diz o que é que eu tenho de mais
Por que você não olha pra mim?
Por trás destas lentes tem um cara legal
Eu quis te dizer que eu nunca fui "o tal"
Era mais jogo se eu tentasse
fazer charme de intelectual
Se eu te disser periga você
não acreditar em mim
Eu não nasci de óculos
Eu não era assim, não
Por que você não olha pra mim?
Por que você diz sempre que não?
Por que você não olha pra mim?
Por trás destas lentes também
bate um coração
Eu quis dizer -
você não quis escutar
Agora não peça,
não me faça promessas
Eu não quero te ver
Nem quero acreditar
que vai ser diferente
Que tudo mudou
Você diz não saber
o que houve de errado e
O meu erro foi crer
que estar ao seu lado bastaria
Ah meu Deus -
era tudo o que eu queria
Eu dizia o seu nome
Não me abandone jamais
Mesmo querendo
eu não vou me enganar
Eu conheço seus passos
eu vejo seus erros
Não há nada de novo
Ainda somos iguais
Então não me chame
Não olhe pra trás
Os pés descalços
queimam no asfalto
Os carros passam -
vêm e vão
Eu dobro a esquina
Eu vou na onda
Pego carona na multidão
Você olhou, fez que não me viu
Virou de lado, acenou com a mão
pegou um táxi, entrou, sumiu
Deixou o resto de mim no chão
Vai ver que a confusão
Fui eu que fiz, fui eu
Há algo errado no paraíso
É muito mais que contradição
Sou eu caindo num precipício
Você passando num avião
Você olhou, fez que não me viu
Foi como se eu não estivesse ali
Desligou a luz, deitou, dormiu
Nem pensou em se divertir
Ela é só uma menina
e eu pagando pelos erros
Que eu nem sei se eu cometi
Ela é só uma menina
e eu deixando que ela faça
O que bem quiser de mim
Se eu queria enlouquecer
Essa é a minha chance
É tudo o que eu quis
Se eu queria enlouquecer
Esse é o romance ideal
Não pedi que ela ficasse,
ela sabe que na volta
Ainda vou estar aqui
Ela é só uma menina
e eu pagando pelos erros
Que eu nem sei se eu cometi
A vida não é filme
Você não entendeu
Ninguém foi ao seu quarto
quando escureceu
Saber o que passava
no seu coração
Se o que você fazia
era certo ou não
E a mocinha se perdeu
olhando o sol se pôr
Que final romântico
Morrer de amor
Relembrando da janela
tudo o que viveu
Fingindo não ver
os erros que cometeu
E assim tanto faz
Se o herói não aparecer
E daí?
Nada mais...
A vida não é filme
Você não entendeu
De todos os seus sonhos
não restou nenhum
Ninguém foi ao seu quarto
quando escureceu
E só você não viu,
Não era filme algum...
Os livros na estante,
já não têm mais
tanta importância
Do muito que eu li,
do pouco que sei
Nada me resta
A não ser a vontade
de te encontrar
O motivo eu já nem sei
Nem que seja só para
estar ao seu lado
Só para ler no seu rosto
Uma mensagem de amor
À noite eu me deito
Então escuto
a mensagem no ar
Tambores rufando
Eu já não tenho
nada pra te dar
No céu estrelado
eu me perco
Com os pés na terra
Vagando entre os astros
Nada me move
nem me faz parar
Eu sei, jogos de amor são para se jogar
Ah, por favor, não vem me explicar
O que eu já sei, e o que eu não sei
O nosso jogo não tem regras nem juiz
Você não sabe quantos planos eu já fiz
Tudo que eu tinha pra perder eu já perdi
O seu exército invadindo o meu país
Se você lembrar, se quiser jogar
Me liga, me liga
Mas sei que não se pode terminar assim
O jogo segue e nunca chega ao fim
E recomeça a cada instante
(A cada instante)
Eu não te peço muita coisa, só uma chance
Pus no meu quarto seu retrato na estante
Quem sabe um dia vou te ter ao meu alcance
Ah, como ia ser bom se você deixasse
Assaltaram a gramática
Assassinaram a lógica
Meteram poesia
na bagunça do dia-a-dia
Seqüestraram a fonética
Violentaram a métrica
Meteram poesia
onde devia e não devia
Lá vem o poeta
com sua coroa de louros,
Agrião, pimentão, boldo...
O poeta é a pimenta
do planeta!
(Malagueta!)
Menino e menina
se conheceram
Quase sem querer
Não foi por obra do acaso
Tinha mesmo que acontecer
Eles se julgavam diferentes
Como todos os amantes
imaginam ser
Faziam tantos planos
Que seus vinte e pouco anos
Eram poucos pra tanto querer
Ah, se eles soubessem
o que eles pensam saber...