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Televisão |
A televisão me deixou burro, muito burro demais
Agora todas coisas que eu penso me parecem iguais
O sorvete me deixou gripado pelo resto da vida
E agora toda noite quando deito é boa noite, querida.
Ô cride, fala pra mãe
Que eu nunca li num livro que um espirro fosse um vírus sem cura
Vê se me entende pelo menos uma vez, criatura!
Ô cride, fala pra mãe !
A mãe diz pra eu fazer alguma coisa mas eu não faço nada
A luz do sol me incomoda, então deixo a cortina fechada
É que a televisão me deixou burro, muito burro demais
E agora eu vivo dentro dessa jaula junto dos animais.
Ô cride, fala pra mãe
Que tudo que a antena captar meu coração captura
Vê se me entende pelo menos uma vez, criatura!
Ô cride, fala pra mãe!
Até parece loucura,
Não sei explicar,
É a verdade mais pura:
Eu não consigo amar.
Meu amor me desculpe,
Não quis te ferir,
Mas dizer a verdade
É melhor que mentir.
Insensível, insensível, você diz.
Impossível fazer você feliz.
Não fui eu
Não foi você quem escolheu
Viver nesse mundo tão frio
Tão frio
Às vezes você esquece
E sente prazer
Mas pra mim é difícil
Conseguir esquecer.
Entre outras pessoas
É tão natural,
Por que será que comigo
Não pode ser igual?
Insensível, insensível, você diz.
Impossível fazer você feliz.
Ninguém sabe como o plástico é feito,
Ninguém sabe.
Como o leite é feito ninguém sabe,
Não se sabe.
A fórmula da coca-cola é segredo.
A da pepsi também
Foi feita por alguém.
Plástico foi feito por ninguém
Sabe como o chão é feito,
Do que é feito o chão.
Pé esquerdo, pé direito,
Pavimentação.
Mas do que é feito o chão?
É feito de pedra,
É feito de pixe.
É feito de pedra e pixe.
Pá pá pá pavimentação, pavimenta,
Menta, mentalização!
Mas ninguém sabe como a gente é feita,
Se a gente é feita ou não.
Mão esquerda, mão direita,
Bate palma então!
Pá pá pá pavimentação, pavimenta,
Menta, mentalização!
Mas do que é feita a gente?
É feita de pé,
É feita de mão.
É feita de pé e mão.
Ou não?
Dona Nenê
Madame Gaspar
Foram se encontrar no Peg-pag
Zigue-zague de carrinhos pelo super.
Dona Nenê
Comprava em predra
Madame Gaspar
Comprava em Pó
Olha quem vem lá!
O Seu Ervilho!
Pilotando seu carrinho...
Audacioso!
Calma, seu Ervilho
Correr tanto assim é perigoso!
Liquidação
Seção de tecidos
Todas as senhoras em euforia
Quando de repente ouviu-se um grito ...
Dona Nenê
Desapareceu
Madame Gaspar
Já tinha ido embora,
O que teria acontecido com Dona Nenê?
Onde andaria agora Dona Nenê?
Você apareceu do nada
E você mexeu demais comigo
Não quero ser só mais um amigo.
Você nunca me viu sozinho
E você nunca me ouviu chorar
Não dá pra imaginar quanto
É cedo, ou tarde demais,
Pra dizer adeus, pra dizer jamais.
Ás vezes fico assim, pensando,
Essa distância é tão ruim.
Por que você não vem pra mim ?
Eu já fiquei tão mal, sozinho,
Eu já tentei, eu quis chamar.
Não dá pra imaginar quanto
É cedo, ou tarde demais,
Pra dizer adeus, pra dizer jamais
Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia,
Eu não encho mais a casa de alegria.
Os anos se passaram enquanto eu dormia,
E quem eu queria bem me esquecia.
Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar.
Eu não tenho mais a cara que eu tinha,
No espelho essa cara não é minha.
Mas é que quando eu me toquei, achei tão estranho,
A minha barba estava desse tamanho.
Será que eu falei o que ninguém dizia?
Será que eu escutei o que ninguém ouvia?
Eu não vou me adaptar
Estranhei tua visita,
Você estava tão distante
Tentando me dizer
Alguma coisa qualquer
Que eu não podia entender.
Não posso imaginar
O que você está sentindo.
Você devia me contar
Pois eu preciso saber
O que vai acontecer com nós dois,
O tempo faz esquecer e depois
Tudo vai passar
Tudo vai passar
Eu não vou ficar sozinho
Se acaso você me deixar
Por causa de alguém,
Se for assim é melhor
Esquecer de uma vez.
Não posso imaginar
O que você está sentindo.
Você devia me contar
Pois eu preciso saber.
Eu preciso compreender seu olhar
Você ficou tão distante, mas eu sei
Tudo vai passar
Tudo vai passar
O que eu sinto é tão simples,
Sonho com você.
Eu vivo
Sem conseguir esquecer.
Sinto a saudade se aproximar,
Meus olhos querem encontrar os seus.
Pois estou tão sozinho,
Por favor, diga se ainda me quer.
Porque estou tão sozinho,
Por favor, diga se ainda
Me quer.
O que eu sinto é tão simples,
Sonho com você.
As noites passam vazias, porque
Sinto a saudade se aproximar...
Ontem quando saí de casa quase que não acreditei
Minha pele foi escurecendo até ficar completamente cinza
Agora quando ando pelas ruas eu preciso tomar cuidado
O sol não me machuca
é um instante que me basta para ficar bronzeado
Você não é mais o mesmo, eu digo "Sou!''
Você não é mais o mesmo
Tomei muito sal de prata pra curar minha bronquite
De cinza minha pele fica verde azulada
Quem quiser acreditar acredite
Agora quando ando pelas ruas eu preciso tomar cuidado
Polícia se me pede os documentos diz logo "algo está errado''
Você não é mais o mesmo, eu digo "Sou!''
Você não é mais o mesmo
Desde pequeno trabalho numa plantação de uva
Hoje veneno é para mim mais limpo que água de chuva
Você não é mais o mesmo, eu digo "Não!''
Você não é mais o mesmo
Estou me acostumando com a cor da minha pele
Eu acho verde mais bonito
Mas quando estou nervoso minha cara fica branca
E eu me sinto esquisito
Agora quando ando pelas ruas eu preciso tomar cuidado
Se vejo um cara branco ou amarelo eu acho que é ele quem está
errado
Você não é mais o mesmo, eu digo "Não!''
Você não é mais o mesmo
O que eu queria, o que eu sempre queria
Era conquistar a minha autonomia
O que eu queria, o que eu sempre quis
Era ser dono do meu nariz
Os pais são todos iguais
Prendem seus filhos na jaula
Os professores com seus lápis de cores
Te prendem na sala de aula
O que eu queria...
Ia pra rua, mamãe vinha atrás
Ela não me deixava em paz
Não aguentava o grupo escolar,
Nem a prisão domiciliar
O que eu queria...
Mas o tempo foi passando
Então eu caí numa outra armadilha,
Me tornei prisioneiro da minha própria família,
Arranjei um emprego de professor,
Vejo os meus filhos, não sei mais onde estou!
Massacre!
Massacre de uomo!
Matança!
Matança de donna!
Eu vi, eu vi, eu vi
en jornal nacionale!
El Duce!
El Duce en Itália!
El Führer!
El Führer en Germânia!
Brazil, Brazil, Brazil,
Aldeia Globale!