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O Feitiço de Áquila

Outro clássico da Sessão da Tarde! O Feitiço de Áquila (Ladyhawke, 1985) é uma boa história de cavaleiros, herói e vilão. Todos os elementos estão lá: o herói impecável, a mocinha mais linda de todas, o vilão e os amigos fiéis e engraçados.

Como toda história de herói, há o conflito: homens demais para uma só mocinha. E ela, Isabeau D’Anjou (a Michelle Pfeiffer) escolhe logo o seu alvo: Etienne Navarre, o capitão da guarda da cidade de Áquila (ninguém menos que o ex-andróide do mal, Rutger Hauer). E o que faz o bispo (vilão) quando percebe que seu amor por Isabeau não é correspondido? Birra: “se eu não posso tê-la, ninguém pode!”. E lança uma maldição por cima dos pombinhos: durante o dia, Isabeau se transforma em um falcão e durante a noite, Navarre vira lobo. E quando são animais, eles não se lembram de nada de sua vida humana.

Por alguns segundos, no pôr do sol ou do amanhecer, eles quase se encontram – e é assim que acontece a cena-síntese do filme. Lembra, lembra? Com alguns efeitos tosquinhos de sobreposição de imagens e uma luz amarelada, ele se transforma em homem de novo, e quase consegue tocar nas mãos dela. Mas os olhões azuis da Michelle Pfeiffer logo virão olhos de pássaro, e ela sai voando – literalmente. “Sempre juntos, para sempre separados” – a frase, dita pelo amigo dos dois, Phillipe de Gaston, faz brotar nas mocinhas mais sensíveis uma pontinha de lágrima no canto dos olhos.

A história começa a tomar rumo quando o quase-casal encontra um aliado: Phillipe, o rato. Após escapar das masmorras de Áquila (um feito nunca antes conseguido!), ele se mete em encrenca e tem sua vida salva por Navarre. Em troca, passa a acompanhá-lo para cuidar de Isabeau. Outro personagem cômico e muito útil para a história é o Imperius, um frei gordinho, descabelado e sempre bêbado. Ele descobre, em sonho, como desfazer a maldição: durante um eclipse.

Ambientado na idade média, o filme tem alguns toques dos anos 80, perceptíveis pela trilha sonora e por alguns cabelos. E dá para olhar para o Rutger Hauer e não se imaginar de novo em 85? Ele é um dos ícones da década, famoso como o terrível andróide de Blade Runner – e talvez pela cara de mau, o diretor Richard Donner havia originalmente pensado nele para o papel de um dos vilões secundários, o capitão da guarda que defende o bispo. Mathew Broderick (um ano antes de Curtindo a Vida Adoidado) faz o garoto Phillipe. O personagem lembra muito o próprio Ferris Bueller. Os dois tem um humor sarcástico e afiado; são espertos e... conversam sozinhos: Ferris, virado para a câmera. Phillipe, se dirigindo a Deus como quem fala com um amigo, e também dando suas olhadelas para o lado de cá da telinha. Ele é o responsável pelos momentos mais divertidos do filme (veja os trechos abaixo).

 

Trechos clássicos do filme:

Soldado: Onde está Navarre?
Phillipe: Navarre? Navarre? Ah, sim. Homem grande, cavalo negro. Eu acho que o vi seguindo para o sul.
Soldado: Ha! Então vamos para o norte.
Phillipe: Não é nada educado pensar que uma pessoa é mentirosa quando você acaba de conhecê-la.
Soldado: É claro! E você sabia que faríamos isso. Vamos para o sul.
Phillipe, falando com Deus: Eu falei a verdade, senhor. Como posso aprender alguma lição moral se você fica me confundindo desse jeito?

Etienne Navarre: Eu preciso que você me guie.
Phillipe: Nem pela vida da minha mãe! Mesmo que eu soube quem foi ela.

Phillipe, com o falcão nos braços: Me pediram para trazer esse pássaro para você, padre. Ele está ferido.
Imperius: Boa pontaria! Traga-o para dentro, e jantaremos juntos.
Phillipe: Nós não podemos comer esse pássaro, padre.
Imperius: O quê? Oh, Deus, já é quaresma de novo?

Phillipe, mentindo: “Você deve salvar este falcão”, ele (Navarre) disse. “Porque ela é a minha vida, minha última e melhor razão para viver.” E então ele disse: “Um dia, nós vamos ser tão felizes quanto duas pessoas sonham, mas nunca conseguem ser.”
Isabeau: Ele disse isso?
Phillipe: Eu juro pela minha vida.


Elisa Volpato

 

FICHA

Título original: "Ladyhawke", 1985

Mathew Broderick

Phillipe Gaston, o rato

Rutger Hauer

Captain Etienne Navarre

Michelle Pfeiffer

Isabeau d'Anjou

Leo McKern

Frei Imperius

John Wood

Bispo de Áquila

Alfred Molina

Cezar
 

Richard Donner

Diretor

Edward Khmara

Roteirista

Trilha sonora: Alan Parsons e Orquestra Filarmônica de Londres.

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